Nascimento Físico e Nascimento Psicológico

Existem dois tipos de nascimento: o físico e o psicológico.
O nascimento físico, como sabemos, é doloroso tanto para a mãe quanto para o bebê. Nesse momento somos lançados para fora do útero abruptamente. Somos bebês que mamam, choram e absolutamente indefesos.
Para o bebê é ainda mais doloroso, pois passa de um ambiente de paz, harmonia e aconchego para um ambiente totalmente incompreensível com sensações desagradáveis para um cérebro imaturo. Porém a natureza já nos dota de forças suficientes para sobrepor este terrível momento da vida que é o nascimento. Até sobrepormos fisicamente a real necessidade de nossa mãe e nos tornarmos seres independentes leva tempo, pois é difícil tornar-se um ser à parte. Com isso temos de suportar a primeira perda quando somos separados do corpo de nossa mãe.

Já o nascimento psicológico, por incrível que possa parecer, pode ser ainda mais doloroso que o nascimento físico. Logo após a separação física, ao longo da vida, é imprescindível que ocorra também o nascimento psicológico. Assim, ocorre o surgimento do Eu, o nascimento da consciência do próprio ser, do nosso corpo, da nossa mente, nossos objetivos, funções, desejos, limites, sentimentos e capacidades.
Contudo, para algumas pessoas, já acostumadas com determinadas ideias e conduzindo a vida de determinada maneira, de repente acende-se a luz dessa consciência mais profunda, a verdade, qual seja: a nossa Insignificância Cósmica e aí começam nossos dilemas e que se não forem compreendidas as nuances da nossa subjetividade trará sérios problemas de ordem psíquica.

Somos absolutamente insignificantes e isso causa angústia e dor intrínseca das mais terríveis de sobrepor na fase adulta. Tudo o que sonhávamos ter, ser ou fazer, de repente perde o significado. Não encontramos resposta nem para o que estamos fazendo no momento presente e tudo perde o sentido.

Contudo, ao conseguirmos compreender, elaborar e sobrepor todos os sentimentos originados desse estado de espírito, veremos que há outra realidade a ser vivida, a ser expandida, a ser entendida, à qual podemos interagir de um modo absolutamente cheio de compreensão e ternura. Esse é o nascer psicológico!

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